domingo, 4 de maio de 2014

Medo do Amanhã...

A noite não foi fácil. Chorei muito ao chegar á minha casa, fiz uma retrospectiva da minha vida de tudo que eu havia passado nas mãos daquele homem, o quanto eu sofri, 21 anos me anulando como mulher e como pessoa, como ele conseguia me dominar de tal forma? Como eu permiti que ele me levasse ao fundo do poço? Naquele momento decidi que ele não voltaria mais, essa seria a última separação, mesmo com todo o medo que eu estava sentindo eu passaria fome mais não o aceitaria de volta. Não sei que horas consegui adormecer; sei que era muito tarde. Acordei ao amanhecer parecia que havia saído de um pesadelo lembrei-me do que havia acontecido e lembrei que não tinha um centavo dentro de casa; o armário estava vazio, a geladeira também. Olhei para o teto e perguntei a Deus o que iria fazer da minha vida, em um pais que a mulher depois dos 30 anos já era considerada velha para o mercado de trabalho, e eu, com 45 anos o que eu iria fazer para sobreviver? Depois de alguns minutos a resposta veio ao meu coração. O Senhor é o meu Pastor e Nada me Faltará. Eu Tudo Posso em Cristo que me Fortalece. Agarrei-me aquela frase e de repente surgiu uma força de dentro de mim com a esperança de que um novo sol iria brilhar.

 Levantei, fiz o café a Silvia também acordou não havia muito que fazer naquele dia como nos outros também. Era como se uma nuvem cinzenta tivesse passado na nossa casa era um estado de espirito triste, ao mesmo tempo em que surgia uma esperança, também surgia uma onda de incerteza. O medo é um sentimento traiçoeiro, por mais que eu acreditasse que tudo sairia bem, ele estava por perto falando o contrario e trazendo às duvidas ao meu coração, descobri que se existe um demônio, esse demônio chama-se  medo. A rotina é cruel por mais que eu buscasse uma vida nova, ela já estava tão impregnada no meu dia á dia que eu acabava sentido falta do lixo que preenchia o meu dia o deixando com a sensação de vazio. Eu tentava mudar o rumo da historia acreditando cegamente nas palavras que Deus colocou no meu coração, mais confesso, as duvidas surgiam. O medo afastava a minha fé. O medo era constante no meu dia me levando ao desespero. Mais diante de toda a confusão, de todas as misturas de sentimento que eu estava vivendo, lá no fundo a palavra de Deus foi plantada e com certeza iria dar frutos. E foi com essa esperança que continuei com a minha vida. Tomamos o café depois a Silvia foi até a loja pegar dinheiro para fazer a feira ele deu R$10.00 e ainda humilhou a filha ela voltou chorando, aquele dinheiro além do sabor amargo pelo preço que ela pagou tinha que dar para passar a semana; parecia piada mais era assim que iriamos viver a parti daquele dia.

 Essa era a arma que ele usava para me dominar. O financeiro, ele sempre fez isso e sabia que dava resultado eu acabava cedendo e permitindo que voltasse. Só que ele esqueceu, os filhos cresceram, tínhamos um teto para morar e por mais que eu sentisse medo havia o apoio da minha terapeuta eu já não estava mais sozinha, agora eu era outra mulher. Dessa vez ele saiu perdendo, eu não voltaria atrás. Eu tinha uma poupança o que restava era pouco mais dava para fazer uma compra de supermercado, restou lá era R$176.00 foi com esse dinheiro que eu fiquei. Ele já havia me tirado tudo o carro os perfumes tínhamos um pouco investido em dólares mais quando eu fui ver ele havia levado, e foi aí que eu percebi que ele havia dado um belo de um golpe, que tudo foi planejado. Quando ele falou que, queria-me ver passando fome ou mendigando de porta em porta é por que isso fazia parte dos planos dele. Só que ele esqueceu que Deus não me abandonou. Quem me abandonou foi ele, e por mais que eu passasse dificuldade, por mais que eu chegasse ao fundo do poço, eu iria me reerguer. Deus era comigo. A Silvia estudava no Hospital Albert Einstein não havia condições dela ir sozinha, eu levava todos os dias de manhã, agora era ele que a levaria. Ele dava o dinheiro para ela voltar de ônibus e do lanche também mais antes ele a humilhava, ele judiou tanto dela durante meses que as notas dela foram caindo foi necessário passar por um acompanhamento psicológico. Diante de tudo que ela estava passando ainda tentava esconder das pessoas e dos amigos o que estava acontecendo. Mais uma das professoras que a observava sentou com ela. Ela se abriu e a mesma a encaminhou para um acompanhamento o qual ajudou muito.

 Nossa vida mudou de uma forma tão radical, começamos a passar necessidade financeira, mal tínhamos o necessário para comer. Ele passava na minha porta uma vez por semana e jogava R$ 15.00 reais enrolado, como se joga salsicha pra cachorro, os vizinhos me davam pão para eu comer com ovo frito, muitas vezes era o nosso jantar. O meu irmão passou a fazer comprar pra mim. Como eu agradecia a Deus por todos eles, o Padre José da minha paroquia me dava sexta básica, o Padre Carlos falava que eu não podia viver só de sexta básica me dava dinheiro para eu compra frutas, verduras e carne, e assim nós íamos levando a nossa vida. Ele passava em frente a minha casa me chamando de vagabunda, ao me encontra na rua me humilhava, sentia prazer em me diminuir falar coisas horríveis ao meu respeito algumas vezes me fazendo chora com palavras de baixo nível. Ele com a família estavam muito bem, no inicio ele ficou na casa da mãe mais um mês depois comprou uma casa com os dólares que ele tirou de mim e se mudou, o Silvio foi junto com ele levou o dormitório deixando o quarto vazio, meu Deus como doía passar no corredor e ver o quarto dele sem os moveis, isso me deixava sem esperança de um dia o ter de volta. Para mim era o mesmo que a morte.

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