sábado, 31 de maio de 2014

Deus na Minha Vida.

Era uma fase difícil a que estávamos passando. Ele usava todos os meios que podia para nos atingir e como eu estava debilitada em todos os sentidos permitia que a sua maldade nos ferisse. A Nossa vida mudou completamente, os finais de semanas eram horríveis o dia não passava a solidão passou a fazer parte dos meus dias, era mais fácil chegar á segunda feira do que o final de um dia de domingo solitário. Como não havia mais a movimentação de entrada e saída dentro da minha casa, eu confundia com a solidão, porque a solidão já existia há muito tempo, vivíamos sobre o mesmo teto e mal nos cumprimentávamos. Mais a movimentação diária me levava a acreditar que ainda existia uma família, e não era verdade. Não tínhamos dinheiro para sair ás pessoas se afastaram, a minha situação financeira mudou totalmente passei daquela que ajudava para ser ajudada. Deixei de dar cesta básica para receber, na igreja começaram a me olhar como se eu tivesse traído o coitado, afinal agora eu era uma mulher separada. O preconceito ainda existe e muito! E, muitas me viam como mais uma concorrente, machucava muito o comportamento, a desconfianças de algumas pessoas. mais eu tinha que seguir em frente mesmo com a ferida aberta, não importava o quanto sangrava eu precisava continuar caminhando. por mais dolorido que fosse. Não dava para pará.

 Além dos R$15.00 ele não dava mais nada, era com esse valor que eu tinha que passar a semana. Liguei para a minha amiga Alaides como era ano de eleição ela me conseguiu um trabalho. Fui trabalhar como coordenadora de campanha de rua passei a ter o meu salario, não havia mais necessidade de me humilhar, pelo menos durante esses três meses eu tinha de onde tira as despesas de casa. A Silvia continuava indo com ele todos os dias. Mais ele não perdia a oportunidade de judiar dela. Eu decidi voltar a estuda era uma maneira de poder transferi os meus problemas ou esquecer o que eu estava vivendo, como não havia terminado o ensino médio fui fazer supletivo para concluir os meus estudos e poder cursar uma faculdade, que era um sonho que estava adormecido há muitos anos. Mais no momento o que mais me machucava era a atitude do meu filho, em relação a mim e a irmã, ele continuava nos machucando com a sua indiferença. Trabalhando durante o dia e estudando á noite fui preenchendo o meu tempo e esquecendo todo o sofrimento que eu estava vivendo; afinal encontrei algo para preencher os meus dias.

 A Silvia estava em fase de estagio, justamente nesse período ele resolveu que não a levaria mais, ela foi obrigada a ir de ônibus; e para chegar ao hospital onde fazia o estagio era obrigada a sair de casa as 3h30 da manhã todos os dias. Eu ficava desesperada ao ver a minha filha sair sozinha em um horário tão perigoso e eu não podia fazer nada, eramos duas mulheres vivendo sozinhas sem proteção alguma. Só que ás vezes diante do meu medo e do meu desespero eu esquecia que a minha proteção não vinha do homem, mais sim de Deus e ele não desampara os seus. Nesse horário passava na minha rua um motorista de ônibus indo para o mesmo terminal. E esse motorista era o pai de uma colega da Silvia. Deus preparou uma companhia para a minha filha todos os dias, ele não nos abandonou. O Silvio foi embora falando que não voltaria mais, passava por me fingindo que não me conhecia, mais a minha psicóloga havia falado que um dia ele voltaria mais eu nunca acreditei. Em um determinado dia eu estava esperando a perua da campanha vim me pegar quando eu vi o meu filho subindo a minha rua com a cabeça baixa e as mãos no bolso, fiquei na calçada esperando para ver o que ia acontecer. Ele se aproximou de mim com os olhos vermelhos de quem chorou a noite inteira. Olhou pra mim e falou Mãe eu preciso de ajuda.

Eu o abracei, parecia um milagre meu filho estava de volta. Ele entrou sentou á mesa tomou café e eu perguntei se ele queria ir trabalhar comigo na rua, ele aceitou imediatamente. Naquele dia ele ficou comigo o dia todo e me contou que o pai não estava falando com ele e nem dando dinheiro, também não estava fazendo compras de supermercado o deixando sem ter o que comer. Diante da situação não pensou duas vezes e veio procurar a mãe dele porque sabia que podia contar comigo a qualquer momento. No final dá tarde ele decidiu que iria à casa do pai  pegar algumas roupas e voltaria só que não voltou no outro dia ele apareceu falando que o pai ficou a noite inteira falando com ele, aconselhando a continuar em sua companhia que ele não devia ter me procurado porque eu nada tinha a oferece, ele resolveu a continuar com o pai dele. A minha psicóloga viu como o inicio de uma nova historia mais eu não quis criar expectativa já havia sofrido muito para alimentar esperanças. Terminou a campanha eleitoral o candidato para o qual eu trabalhei venceu as eleições para presidente. E eu fiquei desemprega, não tinha ideia do que iria fazer daquele dia em diante.

domingo, 11 de maio de 2014

Eu e a Silvia

O Silvio foi embora. Fiquei com a Silvia. Foi difícil ver o meu filho sair de casa, suportar a ausência dele, diante de tudo que eu estava vivendo fui obrigada a ver os meus filhos sendo divididos, a família estava desmoronada, não existia mais estrutura os irmãos estavam separados, ele conseguiu dessa vez atingir os filhos da maneira mais cruel e mais baixa que um pai possa chegar; não satisfeito pelo que fez comigo tinha que atirar nos filhos para poder me atingir mais ainda, na verdade o seu único objetivo era me levar ao fundo do poço. E quase conseguir! O Silvio manipulado pelo pai sempre vinha em casa levava o que achava que deviam, as fotos da família pegava todas desde que eu não estivesse nelas, muitas vezes me provocava chegando a me insultar com palavras e ameaças, foi uma época muito sofrida, cheguei a pensar que não teria estrutura suficiente para suporta  a dor e a humilhação que eu passei, o meu próprio filho me tratando como uma mulher qualquer, sem nenhum respeito; sem consideração pela mãe.  Eu  fiquei muito abalada emocionalmente às crises de labirintite voltaram  com frequência, durante a noite muitas vezes acordava passando mal. Sinceramente diante de tudo que eu estava passando nada poderia me abalar mais do que ver a vitória dele sobre o meu filho.

 O Silvio passou a me evitar não falava comigo era como se eu fosse uma estranha ou uma inimiga, era assim que ele me tratava, á sua indiferença para comigo me machucava muito, a dor era como uma lança cravando o meu peito. Ele se transformou de tal forma que eu cheguei a sentir medo dele. Mais, nada tinha a fazer a não ser entregar ele nas mãos de Deus e confiar; sabia que um dia tudo iria passar mais o sofrimento e as decepções me levavam ao desespero fazendo com que eu muitas vezes duvidasse de tudo. A minha psicóloga falava que tudo seria questão de tempo para ele voltar, por enquanto ele estava empolgado era tudo novidade o pai fazendo as vontades dele, carro, dinheiro, morando sozinho os dois, mais na hora certa ele iria me procurar porque no meio de toda a loucura que era o meu casamento eu havia dado algo que ele jamais esqueceria. A base familiar! E essa ele não tinha ao lado do pai. Mais algumas vezes cheguei a duvidar que um dia isto pudesse vim a acontecer.

 A Silvia sofria pela perda do pai. Pela perda do irmão e pela situação que estávamos vivendo, ela acompanhava o meu sofrimento de perto, vivenciando todos os dias, sem falar na parte financeira porque ele pra castigar a filha por ter ficado comigo tirou tudo dela; não dava nada, ao contrario procurava humilhar e judiar o quanto podia. Sem falar que, ela era quem ouvia as minhas lamurias o meu ódio, a minha revolta o dia inteiro. Hoje eu me pergunto como ela suportou esse peso nos ombros, afinal era uma menina; só tinha 19 anos. Mais forte o suficiente para tomar uma decisão e aguentar ate o fim passando pelas mais duras provações que a vida estava lhe oferecendo. O pai a quem ela o admirava por mais que levasse uma vida conturbada era o seu herói mesmo diante da vida que, vivíamos, ela o amava e de repente viu os laços se romperem de uma forma brutal. O irmão tinha tudo ela simplesmente se viu sem nada. O irmão do dia pra noite passou a ser um estranho mal a cumprimentava. Meu Deus era muito sofrimento e eu como mãe não tinha estrutura emocional para dar todo o apoio que ela necessitava ao contrario ela segurava a minha barra. Diante da falta do dinheiro a Silvia passou a fazer suspiro e vender na escola, o dinheiro que ela ganhava dava para compra as suas roupas. Ela foi privada de muitas coisas pelo simples fato de ter optado em fica com a sua mãe.

domingo, 4 de maio de 2014

Medo do Amanhã...

A noite não foi fácil. Chorei muito ao chegar á minha casa, fiz uma retrospectiva da minha vida de tudo que eu havia passado nas mãos daquele homem, o quanto eu sofri, 21 anos me anulando como mulher e como pessoa, como ele conseguia me dominar de tal forma? Como eu permiti que ele me levasse ao fundo do poço? Naquele momento decidi que ele não voltaria mais, essa seria a última separação, mesmo com todo o medo que eu estava sentindo eu passaria fome mais não o aceitaria de volta. Não sei que horas consegui adormecer; sei que era muito tarde. Acordei ao amanhecer parecia que havia saído de um pesadelo lembrei-me do que havia acontecido e lembrei que não tinha um centavo dentro de casa; o armário estava vazio, a geladeira também. Olhei para o teto e perguntei a Deus o que iria fazer da minha vida, em um pais que a mulher depois dos 30 anos já era considerada velha para o mercado de trabalho, e eu, com 45 anos o que eu iria fazer para sobreviver? Depois de alguns minutos a resposta veio ao meu coração. O Senhor é o meu Pastor e Nada me Faltará. Eu Tudo Posso em Cristo que me Fortalece. Agarrei-me aquela frase e de repente surgiu uma força de dentro de mim com a esperança de que um novo sol iria brilhar.

 Levantei, fiz o café a Silvia também acordou não havia muito que fazer naquele dia como nos outros também. Era como se uma nuvem cinzenta tivesse passado na nossa casa era um estado de espirito triste, ao mesmo tempo em que surgia uma esperança, também surgia uma onda de incerteza. O medo é um sentimento traiçoeiro, por mais que eu acreditasse que tudo sairia bem, ele estava por perto falando o contrario e trazendo às duvidas ao meu coração, descobri que se existe um demônio, esse demônio chama-se  medo. A rotina é cruel por mais que eu buscasse uma vida nova, ela já estava tão impregnada no meu dia á dia que eu acabava sentido falta do lixo que preenchia o meu dia o deixando com a sensação de vazio. Eu tentava mudar o rumo da historia acreditando cegamente nas palavras que Deus colocou no meu coração, mais confesso, as duvidas surgiam. O medo afastava a minha fé. O medo era constante no meu dia me levando ao desespero. Mais diante de toda a confusão, de todas as misturas de sentimento que eu estava vivendo, lá no fundo a palavra de Deus foi plantada e com certeza iria dar frutos. E foi com essa esperança que continuei com a minha vida. Tomamos o café depois a Silvia foi até a loja pegar dinheiro para fazer a feira ele deu R$10.00 e ainda humilhou a filha ela voltou chorando, aquele dinheiro além do sabor amargo pelo preço que ela pagou tinha que dar para passar a semana; parecia piada mais era assim que iriamos viver a parti daquele dia.

 Essa era a arma que ele usava para me dominar. O financeiro, ele sempre fez isso e sabia que dava resultado eu acabava cedendo e permitindo que voltasse. Só que ele esqueceu, os filhos cresceram, tínhamos um teto para morar e por mais que eu sentisse medo havia o apoio da minha terapeuta eu já não estava mais sozinha, agora eu era outra mulher. Dessa vez ele saiu perdendo, eu não voltaria atrás. Eu tinha uma poupança o que restava era pouco mais dava para fazer uma compra de supermercado, restou lá era R$176.00 foi com esse dinheiro que eu fiquei. Ele já havia me tirado tudo o carro os perfumes tínhamos um pouco investido em dólares mais quando eu fui ver ele havia levado, e foi aí que eu percebi que ele havia dado um belo de um golpe, que tudo foi planejado. Quando ele falou que, queria-me ver passando fome ou mendigando de porta em porta é por que isso fazia parte dos planos dele. Só que ele esqueceu que Deus não me abandonou. Quem me abandonou foi ele, e por mais que eu passasse dificuldade, por mais que eu chegasse ao fundo do poço, eu iria me reerguer. Deus era comigo. A Silvia estudava no Hospital Albert Einstein não havia condições dela ir sozinha, eu levava todos os dias de manhã, agora era ele que a levaria. Ele dava o dinheiro para ela voltar de ônibus e do lanche também mais antes ele a humilhava, ele judiou tanto dela durante meses que as notas dela foram caindo foi necessário passar por um acompanhamento psicológico. Diante de tudo que ela estava passando ainda tentava esconder das pessoas e dos amigos o que estava acontecendo. Mais uma das professoras que a observava sentou com ela. Ela se abriu e a mesma a encaminhou para um acompanhamento o qual ajudou muito.

 Nossa vida mudou de uma forma tão radical, começamos a passar necessidade financeira, mal tínhamos o necessário para comer. Ele passava na minha porta uma vez por semana e jogava R$ 15.00 reais enrolado, como se joga salsicha pra cachorro, os vizinhos me davam pão para eu comer com ovo frito, muitas vezes era o nosso jantar. O meu irmão passou a fazer comprar pra mim. Como eu agradecia a Deus por todos eles, o Padre José da minha paroquia me dava sexta básica, o Padre Carlos falava que eu não podia viver só de sexta básica me dava dinheiro para eu compra frutas, verduras e carne, e assim nós íamos levando a nossa vida. Ele passava em frente a minha casa me chamando de vagabunda, ao me encontra na rua me humilhava, sentia prazer em me diminuir falar coisas horríveis ao meu respeito algumas vezes me fazendo chora com palavras de baixo nível. Ele com a família estavam muito bem, no inicio ele ficou na casa da mãe mais um mês depois comprou uma casa com os dólares que ele tirou de mim e se mudou, o Silvio foi junto com ele levou o dormitório deixando o quarto vazio, meu Deus como doía passar no corredor e ver o quarto dele sem os moveis, isso me deixava sem esperança de um dia o ter de volta. Para mim era o mesmo que a morte.