domingo, 26 de junho de 2016

Seu Último Adeus....

(Marlene. Nossa Senhora sempre esteve ao seu lado! Ela nunca te abandonou e não é agora que Ela vai te abandonar. Ela estará ao seu lado te dando forças, te fortalecendo e te ajudando a superar mais essa dor que a vida lhe reserva. E se eu não te vê mais fique sabendo que eu te amo muito.) Foram essas as últimas palavras do meu irmão, em vida, a mim dirigidas. Eu também falei que ele foi um homem honesto e digno, ajudou muito o papai, e depois da morte dele continuou ajudando a mamãe ate o último dia de vida dela. Sempre honrou com os seus compromissos, foi um bom homem merecia o melhor. Sai dali chorando muito, estava arrasada sabendo que não iria mais vê o meu irmão, aquele foi o nosso último encontro e eu queria guardar essa lembrança na minha mente. Guarda esse momento tão especial, eu sabia que seus últimos momentos sérios árduos, e eu não queria presenciar preferir ficar ausente. Optei em não ir ao hospital na terça feira esta foi a minha decisão. Mais o acaso nem sempre está ao nosso favor e resolve mudar os planos. Na terça feira, acordei, tomou um banho e sair para trabalhar, estava tendo feira no hospital Bezerra de Menezes, eu havia me comprometido com a direção do hospital há mais de dois meses não poderia faltar, as 11. hs o meu sobrinho mais novo me ligou falando para eu ir ao hospital que a medica havia liberado uma sala para a família, que os órgãos dele estava parando; eu falei que já sabia de tudo que iria acontecer , pouco tempo depois a minha irmã também ligou. Recebi umas três ligações falando do estado de saúde dele que havia se agravado. Pra mim não era novidade, na segunda feira quando sai do hospital já estava sabendo que tudo isso iria acontece.

 O Silvio começou a me ligar não queria ir ver o tio sozinho me chamando á toda hora, eu não estava mais entendendo por que todos me ligavam falando a mesma coisa eu não queria ver o meu irmão, tudo que eu mais desejava era guardar a lembrança dele da segunda feira. Porem o destino nos reserva surpresas inesperadas, não entendermos o porquê de alguns acontecimentos que ocorrer a nossa volta. Tanta existência deveria ter um motivo especial, Fui ate o RH da empresa fechei as contas e fui embora, deixei a mercadoria em casa e fui direto para o hospital onde o Silvio estava esperando. A Silvia trabalhava no hospital em outra clinica, como o tio não estava bem e sabiam que não havia mais esperança, a chefe dela permitiu que naquele dia ele ficasse na clinica; que o tio estava internado. E assim ela teve a oportunidade de cuidar dele, no seu último dia de vida, Da mesma forma ele teve a oportunidade de ter alguém da família ao seu lado, e nós sabemos que são poucos que tem essa sorte. Ao chegar ao quarto do meu irmão; junto com o meu filho ele estava com o balão de oxigênio, a sensação era que ele estava sofrendo me deu um aperto no coração ao presenciar aquela sena. Entendi porque era indispensável a minha presença naquele momento. Eu precisava atender ao seu último desejo, fiz o que era necessário e vim embora com a consciência tranquila sabendo que ele agora poderia ir em paz.

 O meu coração estava transpassado, doía muito, meu irmão estava indo embora, tivemos problemas mais sempre que eu pedia ajuda ele estava pronto para me socorrer, durante a minha separação ele me ajudou muito financeiramente, foi ele que me ajudou a comprar o meu primeiro carro para que eu pudesse crescer profissionalmente, e agora eu estava perdendo o meu porto seguro, com todos os problemas que o tivemos ele não esquecia que o meu pai tinha um amor especial por mim. Ele sabia que se o meu pai estivesse vivo eu estaria em segurança, havíamos falado sobre o assunto em um tempo não muito distante. No caminho para casa recebi um telefonema da minha agencia bancaria, fui até lá mesmo não tendo condições psicológicas e com a certeza que no outro dia não iria ter mesmo. Ao chegar a minha casa preparei um café, o Silvio chegou com a tia tomamos café e ele foi com ela para hospital queria que fosse junto, mais eu não quis ir, precisava ficar em casa refletir um pouco queria me ligar a ele em pensamentos, quando eles saíram a Silvia me ligou, estava chorando muito. (Mãe o tio acabou de ir embora estamos no quarto com ele. Eu, a enfermeira chefe e outra técnica, ninguém pode saber o medico tem que vir para dá o óbito. Mãe ele deu o seu último suspiro segurando na minha mão.) E assim ele partiu. Um espirito evoluído... E transformado por Deus.

sábado, 18 de junho de 2016

A Dor da Despedida.

Era terça feira. 02 de agosto, naquele dia meu irmão tinha consulta marcada eu fui com ele e a esposa dele ao medico, na volta os deixei em casa e fui atender uma cliente, estava fechando uma venda quando o meu celular tocou, era ele me avisando que havia fraturado o fêmur mais eu não me preocupasse por que o resgate estava chegando para os primeiros socorros e o levaria para o hospital. Naquele momento eu gelei, sabia as consequências seriam graves e poderia leva-lo ao final dos seus dias, concluir a venda e fui direto pra casa dele, ao chegar á viatura do corpo de bombeiro já estava lá, foi difícil ver o meu irmão sentindo dor, pela sua expressão podíamos ver o seu sofrimento; levou um tempo até o resgate receber autorização para leva-lo ao hospital por ser de um município para outro. Ele foi de ambulância com a esposa, eu, e o meu sobrinho acompanhamos de carro quando chegamos ao hospital ele já estava na emergência. Mas não estava sendo atendido e não deixaram que ficássemos com ele, minha filha trabalhava nesse mesmo hospital fui falar com ela, ela desceu e foi ter com ele, por ser família de funcionário já nos atenderam melhor, pelo menos falavam pra gente como ele estava. O filho mais velho chegou junto com a esposa e ficamos todos juntos. Fiquei ate as 19 hs com eles estava com muito frio e não havia levado agasalho, falei pra ele que ia embora ele na hora respondeu que tudo bem eu poderia ir já havia ficado por muito tempo e os filhos e a esposa estavam com ele.

 Sair daquele hospital chorando sabia que não seria fácil, á luta estava apenas começando, me preocupava muito, ver o meu irmão um homem forte que sempre lutou pelos seus objetivos em cima de uma cama sem poder se mexer, quando ele saísse do hospital, qual seria a sua reação? Como ele iria reagir psicologicamente? Com certeza teria uma forte depressão, iria depender da esposa e dos filhos pra tudo, todas as suas necessidades, físicas e fisiológicas, dependeria de alguém e pelo que eu o conhecia ele preferia a morte ao se vê nessa situação. Chorei muito durante a noite pensando nele cheguei a pensar em voltar para o hospital, mais sabia que ele estava com a família. Na quarta feira liguei para a minha irmã mais velha pedi para ela vir ajudar a minha cunhada a cuidar dele no hospital eu não podia deixar de trabalhar já estava com as minhas contas atrasadas. Não imaginava que fosse por tão pouco tempo. Ela veio imediatamente, chegou; na quinta feira as 5.hs da manhã, tomou um banho e foi direto para o hospital. Não permitiram a entrada dela já havia passado do horário, insistimos, fomos falar com a assistente social, explicamos que ela estava vindo de outro Estado. E ela autorizou e entrada dela. Fazia algum tempo que eles não se viam, não sei como foi o encontro deles não tive permissão de entra junto. Ele estava internado na expectativa de fazer uma cirurgia no fêmur. Foi uma semana tumultuada com vário acontecimento desagradável, eu o visitava todos os dias. No domingo á tarde eu liguei pra ele, conversei um pouco; e ele me falou que não havia necessidade de ir, havia ali muitas pessoas amigas e eu não ia conseguir entrar devido o horário. Á noite eu não estava bem, senti uma sensação estranha, as minhas pernas pesavam muito e doíam sem explicação começou do nada, pareciam que cada uma estava pesando cerca de cinco quilos, foi algo impressionante, assustei e comecei a ficar preocupada com ele. Logo cedo liguei para saber como ele estava; falou que estava tudo tranquilo e havia dormido muito bem; sorrir e entendi o porquê eu não conseguir dormir.

 Segunda feira dia 08 de agosto no final da tarde fui visita-lo chegando ao hospital o encontrei muito debilitado, cansado percebi que não haveria mais cirurgia que ele estava indo embora; quando de repente ele foi envolvido por uma luz muito forte eu comecei a chorar uma mistura de tristeza e alegria. Tristeza por que ele ia embora para sempre, e alegria por que estava acabando todo o sofrimento dele. Como eu não estava conseguindo conter aquela emoção sair do quarto e fui ate a capela do hospital, procurei a Silvia e falei com ela que o tio estava indo embora que ele não passaria da terça feira. Fiquei algum tempo chorando na capela, e rezando por ele pedindo a Deus que aliviasse do sofrimento na hora da partida. Depois voltei para o quarto e o meu irmão se despediu de mim! Foi o momento mais emocionante, e ao mesmo tempo mais dolorido da minha vida, saber que meu irmão estava indo embora. E ele, sabendo que estava indo embora se despediu de mim. Pedindo para que eu tivesse força e suportasse toda dor, por que eu não estaria sozinha Nossa Senhora mais uma vez estaria ao meu lado segurando á minha mão e me guiando. Eu soluçava naquela momento, eu sabia que não o viria mais com vida. Saindo dali liguei imediatamente para a minha irmã mais nova e falei. Se você quiser ver o nosso irmão com vida chegue aqui ate amanha ao meio dia. Mais ela não acreditou, ligou para a minha outra irmã que falou que eu estava exagerando que o meu irmão estava muito bem. Eu o relatei o seu estado de saúde e como ela trabalha em hospital há muito anos percebeu que realmente ele não estava bem. Porem ela só veio no dia seguinte.

domingo, 5 de junho de 2016

Os Caminhos De Deus.

Ao voltar para São Paulo, procurei ficar mais próxima do meu irmão, não sabia quanto tempo de vida lhe restava, todos os dias eu o visitava procurando ajudar sempre, levando-o ao medico quando os filhos dele não podiam. Procurei está presente ate o seu último dia de vida. Os dias foram passando e ele foi percebendo que o fim se aproximava, ele sempre foi muito inteligente começou a organizar a vida procurando deixar tudo em ordem, para facilitar a vida da esposa e dos filhos; abriu uma conta bancaria em uma agencia próximo da casa dele, passou a senha da conta para os filhos etc,etc. Deus ouvia as minhas orações eu pedia pela cura física, porem Ele se preocupava com a cura espiritual. Meu irmão era uma pessoa muito metódica gostava de tudo do jeito dele, nada poderia ficar fora do lugar a palavra final era sempre a dele.
 Mas Deus foi reconstruindo a sua parte espiritual como era do seu desejo. Deus em sua infinita sabedoria sabia que ele não precisava da cura física, mas sim de uma cura maior, uma cura que vinhe-se de dentro da sua alma e assim Deus o fez, transformou um homem rude e metódico em um homem calmo, carinhoso, paciente e amável. Mais uma vez o sofrimento estava fazendo parte da minha vida. Mais uma vez eu estava vivendo a perda de um ente querido. Eu não estava aceitando a ideia de perder o meu irmão era muito cruel, á vida estava sendo injusta tanto com ele como comigo, era um homem novo não merecia ser levado tão cedo, assim era minha maneira de pensar, orava a Deus todos os momentos pedindo pela sua cura, por que eu não conseguia ver a cura que Deus estava realizando na vida dele.
Apesar da realidade, eu acreditava cegamente na recuperação dele, eu queria a todo custo ver o meu irmão superar aquela doença. Aos pouco ela ia se manifestando, os seus pés foram ficando mais inchados, era muito triste ver que ele estava se debilitando. Na frente dele eu me mostrava forte alegre não podia mostrar a minha fragilidade mais ao chegar, em casa chorava muito, com medo de perdê-lo. Irmãos nascem, crescem juntos muitas vezes brigando e fazendo as pazes em poucos minutos não concordamos com o que o outro faz ou pensa, mas na hora do sofrimento não tem essa, é carne da mesma carne, sangue do mesmo sangue; não dá para ver o seu sangue sofrendo e você não está ali junto sendo solidário e vivendo a mesma dor. Seria desumano não sentir a dor que ele estava sentindo, não ficar ao seu lado nos seus últimos dias de vida, mesmo acreditando que tudo iria passar, acreditando na sua recuperação.
 Eu sabia que ele estava partindo, porem enganar a mim mesma doía menos do que aceitar a realidade! Para mim era difícil ver meu irmão partir, por que lá no fundo do meu coração existia um medo muito grande. Um medo que não me deixava dormir. Um medo, que fazia eu, chorar até altas horas da madrugada. Mais no dia seguinte ao chegar junto dele surgia uma força dentro de mim que só podia vir de Deus. Não sei se conseguir ajudar o meu irmão o suficiente, não sei nem se o que eu fiz, o ajudou, só sei que tudo que foi feito por mim havia muito amor, Deus me deu essa capacidade de amar eu só tenho que agradecer. Por que diante de tudo que aconteceu na minha vida e continua acontecendo o amor ainda existe dentro de mim. Hoje eu observo o quanto cresci diante de tanto sofrimento. A perda do meu irmão me ensinou muito, procurei durante meu luto amadurecer e foi então que entendi que Deus havia sim, curado o meu irmão. Havia feito um milagre em nossas vidas e toda dor que sentir se transformou em calmaria.