segunda-feira, 27 de maio de 2013

Uma Nova Esperança...

Começava a surgir uma esperança de que a vida sentimental iria melhora. O financeiro estava melhorando e carregava comigo uma certeza de que tudo ficaria bem. Não tinha mais motivo para tanta preocupação. Já tínhamos um carro, morávamos em um lugar melhor e eu já podia até ir a uma loja e compra roupas para ele, para as crianças e pra mim também. E, além do carro, também tínhamos uma moto. Comecei a sonhar. Voltei para o meu mundo de fantasias acreditando que a partir daquele momento as agressões verbais e psicológicas tinham acabado. Com certeza a minha vida mudaria, eu seria feliz! A minha filha que, desde os primeiros meses de idade presenciava cenas de violência entre mim e o pai dela, agora iria viver diferente. Quantas vezes eu, chorando, com ela no colo, ouvi suas ameaças, esbravejando que iria embora. Ela com a carinha assustada, também chorando, sem saber o porquê de tantas brigas. Ela não entendia, só chorava.

  E foi assim em um ambiente desequilibrado que ela foi criada. Vendo e ouvindo os pais se destruindo no dia a dia. Com certeza tudo mudaria, a paz iria reinar no meu lar, e eu não veria mais aquela carinha assustada, aqueles olhos amedrontados, muitas vezes com os bracinhos em volta do meu pescoço me apertando como quem pede ajuda. Naquela época não podia ajudar nem a minha filha, nem a mim mesma! Como me enganei.  Acreditei que a partir de uma mudança financeira a vida iria mudar. Ao contrario, ele começou a sentir ciúmes, ou melhor, aumentou. Ciúmes de mim ele já tinha. Mas, agora, eu não podia falar com mais ninguém. Todos os amigos dele eram casos meu. Confesso que se fosse hoje, com a cabeça que eu tenho, me sentiria até mais poderosa. Só que, naquela época, isso pra mim era uma ofensa. Sentia-me ofendida e agredida com as insinuações dele porque eu aprendi que a mulher tem que se respeitar e respeitar o seu marido. Sou contra a traição e a leviandade não faz parte da minha índole.
 Aprendi que teria que ser mulher de um homem só. Se outro homem me olhasse a culpa seria minha porque de alguma maneira eu estaria me insinuando. A responsável é a mulher. Foi essa a educação e o ensinamento que eu tive. Ouvi isso a minha vida toda desde criança: o homem pode tudo e ele só entra onde encontra uma brecha.  Hoje, vejo quanta ignorância, quanto preconceito voltado para a mulher e como fomos tão massacradas tantos anos e ainda é assim. Mas eu ouvia com vergonha as agressões dele. Dando-me um homem por semana! Além da humilhação, minhas crianças cresceram ouvindo que a mãe deles era uma mulher qualquer.

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