Hoje os pais não permitem que o jovem tenha espaço para o diálogo.
Não permite que o seu lar tenha o equilíbrio do amor e do perdão, permitindo que a sabedoria seja uma fonte de proteção aos que convivem neste lar.
Conheci a Malu. Fisioterapeuta excelente, moça bonita e educada encontrei no shopping, estava tomando um sorvete quando ela pediu licença para sentar na minha mesa, a praça de alimentação estava cheia não havia mesa desocupada, sorrir e falai para ela se sentir a vontade, sentou e demos inicio a uma agradável conversa, terminamos o sorvete pedimos uma água e continuamos conversando e dando risada, até que em um determinado momento surgiu alguém que havia acabado de comprar o meu livro me reconheceu e veio me pedir um autografo.
Fiz uma dedicatória, agradeci a pessoa e ela foi embora feliz.
A Malu ficou interessada pelo assunto sobre violência doméstica onde ela não perdeu a oportunidade de me confidenciar a sua triste infância, onde os pais viviam querendo matar um ao outro, esquecendo que a filha estava entre eles.
A mãe uma psicóloga, o pai um alcoólatra: e ela uma vitima de pais doentes: a mãe frustrada por curar a todos menos ela.
O pai afogando as mágoas na bebida por não ter coragem de tomar uma atitude em relação a um relacionamento desgastado, os dois se destruindo entre eles.
A Malu cresceu presenciando os ataques que acontecia semanalmente dentro da sua casa, físico e verbal, foi uma criança com problemas de aceitação nas brigas eles a citavam como responsável pela continuação da relação.
É o que acontece com 99% dos filhos de vitimas de violência, usam a desculpa que não se separam para não traumatizar os filhos quando a realidade é bem diferente.
As brigas entre eles deixam os filhos com sérios problemas psicológicos.
Muitos não percebem que o desrespeito, à falta de amor entre ambos os levam a criarem jovens revoltados e ausentes, muitos se distanciando dos estudos não tendo animo para ter uma vida saudável, com sucesso nos estudos ou no trabalho.
A Malu crescendo neste ambiente de desarmonia foi madura o suficiente para decidir seguir em frente e fazer a sua vida tomar caminho diferente, ela buscou refugio nos estudos se dedicando, ela sabia que poderia ter uma historia diferente, podia trabalhar e sai da casa dos pais e ter a sua vida: longe dali iria ser feliz a sua maneira é obvio. Terminou o ensino médio prestou vestibular passou e foi fazer fisioterapia mergulhou de cabeça não podia perder a oportunidade de ter a sua independência.
Ela não tinha duvidas que através do trabalho, encontrará tudo que não teve no convívio com os pais. O essencial a paz que nunca teve.
A paz que tanto desejou!
Quantas vezes ela acordava ouvindo os gritos dos pais um agredindo o outro com ameaças e vocabulário de baixos escalões, eram palavras que feria a moral de ambos e em meio a esse vendaval ela conseguia sobreviver.
Era uma verdadeira tempestade a sua casa parecia mais um campo de batalha onde quem fosse mais forte sairia com vida.
Uma pergunta que não saia da sua mente. Como alguém que é profissional ganha á vida resolvendo os problemas de outras pessoas tem uma vida tão perturbada?
Como ela consegue ajudar alguém se não consegue ajudar a si mesmo? A mãe tinha um desequilíbrio visível, um emocional perturbado como conseguia trabalhar na área da saúde sem deixar transparecer a sua fragilidade era tudo muito louco pra mim!
Quanto mais eu avançava na faculdade mais as perguntas me atormentavam.
Quanto mais conhecimento eu buscava mais perguntas me vinham á mente. Eram perguntas sem respostas!
Terminei a minha faculdade.
Durante o período de estagio nos hospitais presenciei muita dor, pessoas entubadas com patologias complicadas, doenças irreversível, familiares sofrendo pelos seus entes queridos e a minha casa sendo destruída por quem deveria cuidar dela.
Os meus pais pareciam dois loucos não tinham controle sobre as suas emoções, e eu em meio aquele vendaval não sabia o que fazer.
Como eu tinha vontade de mudar ter a minha casa onde eu poderia ter paz, poder chegar do trabalho ouvir uma musica ler um livro me deliciar com o silencio do meu aconchego esse era o meu sonho e com ele a certeza que iria conseguir.
Os meus objetivos eu irei alcançar sou determinada e sei o que quero da vida, foi o que a Malu pensou naquele momento.
Dali por diante ela não parou mais, foi uma buscar incansável a procura de um emprego, o que ela mais queria conseguiu, trabalho em um hospital!
Agora ela podia pensar um ter o seu apto.
Era a realização de um sonho, o inicio da sua liberdade, o resgate de uma vida perseguida pela violência doméstica, a falta de amor ou respeito entre dois ser humano que são seus pais e ela tinha amor por eles, independentemente da vida que lhe foi oferecida havia muito amor e gratidão no coração da Malu.