
Almoçamos em seguida ele saiu para visitar um cliente, estava feliz me beijou saiu com a maior naturalidade, fiquei com as crianças contente agradecendo a Deus por que ele estava bem. E se ele estava bem, eu também estava. Eu vivia em função do bem estar dele, era sempre ele em primeiro lugar. Peguei tudo que era meu levei de volta e arrumei no guarda-roupa, e o que era do meu sobrinho mandei para a costureira consertar. A vida voltou ao normal, como sempre uma semana de brigas na outra uma falsa paz, essa era a minha realidade. E muitas vezes eu conseguia passar a imagem de uma mulher feliz.
Sempre que acontecia uma desavença entre nós ele ameaçava sair de casa, mas ficava só nas ameaças, eu chorando, humilhada me rastejando aos seus pés, conseguia impedi que ele fosse embora, mas chegou uma hora que ele começou a sair de casa, brigava pegava algumas roupas e ia embora, ficava fora uma noite, no outro dia voltava como se aquela atitude fosse normal, eu que tinha passado a noite chorando em desespero, me atirava em seus braços radiante, me sentindo feliz, fazia tudo para agradá-lo, algumas vezes ate chorava de alegria por ele ter voltado.
E dessa forma fui me anulando. Esquecendo que eu era gente, que dentro de mim habitava um ser humano, com sentimentos e emoções. Esqueci de viver a minha vida para viver a vida dele. Aos pouco fui matando a minha amiga Marlene! Enquanto isso, foi surgindo uma mulher sem iniciativa, sem vontade própria. Uma mulher que aceitava tudo que falavam ao seu respeito, me sentindo inferior a tudo e a todos. Esqueci meus sonhos meus ideais. Fui perdendo o meu respeito minha dignidade. Conhecendo a magoa e a revolta, esquecendo que um dia falei da paz e acreditei no amor.