Eu continuava com o meu tratamento na casa Beth Lobo, cada dia me fortalecia mais, aos pouco fui descobrindo a mulher que existia dentro de mim, a qual estava adormecida durante todos esses anos. Mais ainda fragilizada e sem coragem de tomar uma decisão definitiva na minha vida, continuava dependendo dele. Uma vez por mês ia ter com o Padre Dalcides o qual me injetava uma injeção de animo procurando levantar a minha autoestima e mostrando o ser humano maravilhoso que eu era. Eu chorava muito quando estava com ele, a final ainda havia um sentimento pobre dentro de mim, que era pena de mim mesma, e demorou um pouco para me livra dele. A lágrima e o sorriso estavam sempre juntos. Um dia ele me falou. Marlene nunca perca o seu sorriso. O teu sorriso é um elo com Deus. No dia que você o perde entrará em depressão. Procurei nunca esquecer as palavras do meu amigo, e por mais que o sofrimento me perseguisse o sorriso permanecia firme superando as lágrimas.
As brigas eram constantes. Só que ele já não me feria tanto com as suas palavras, isso o deixava mais indignado, fazendo com que perdesse a razão com mais facilidade. O silencio passou a ser o meu companheiro quanto mais ele gritava mais eu silenciava, não dava mais importância ao que ele falava, já não tinha tanto medo dele.
Fizemos nossa última viagem juntos, carnaval de 2002. Fomos para Friburgo Rio de Janeiro foi legal, nos divertimos muito, clubes, cachoeira, em fim conhecemos a cidade visitamos a família tiramos muitas fotos, parecia mais uma despedida, todos felizes não houve brigas, ficamos o tempo necessário sem nenhum acontecimento desagradável. Terminando o carnaval viemos embora todos, felizes, rindo a final a viagem foi ótima tínhamos mesmo era que comemorar. Não sabíamos que aquela seria a última viagem, não tínhamos a mínima ideia do que estava pra vim pela frente, não fazíamos ideia do que iriamos passar. Na volta chegando á Aparecida do Norte paramos para tomar um café, na saída ele me deu a chave do carro falou que queria deitar um pouco no banco traseiro para descansar, só que ele não descansou veio de lá até são Paulo me torturando falando que eu não sabia dirigir que eu estava fechando os caminhoneiros. Ele me infernizou tanto que em um determinado momento parei o carro no acostamento desci e falei! Leva. Já não estava mais aguentando as provocações dele.
Ele pegou o carro, não deu mais uma palavra comigo até chegarmos á nossa casa, o clima já estava insuportável, ele parecia um animal tanto comigo como com as crianças, a parti daquele dia ele passou a dormir na sala não falava comigo tirou a aliança não dava dinheiro para as compras, começou a faltar o necessário dentro de casa chegando ate a faltar pó para fazer café, faltou comida tanto para mim como para a Silvia. Ele passou a fazer compras e levar para a casa da mãe dele. E ela fazia a comida para ele e o Silvio. Em troca de algum dinheiro.
Quantas vezes levantei a noite para pegar dinheiro no bolso dele, precisava fazer compras de supermercado. Passei a viver das migalhas que sobravam. Tirou o carro de mim. Regredi no meu tratamento; apesar de continuar com a terapia quando estava em casa passava a maior parte do meu tempo chorando. O irmão dele estava de casamento marcado nós íamos ser padrinhos mais eu tomei uma decisão no clima que estava eu não iria me submeter á tamanha humilhação, ele não falava comigo mandava o Silvio perguntar se eu já havia alugado roupa para o casamento? Eu não respondia nada, mais chegando próximo a data sai com a Silvia Aluguei um vestido para ela, comprei um sapato marquei salão fiz tudo que estava ao meu alcance. Ele acreditando que eu estava fazendo pra mim também, até passou a me tratar melhor. Chegou o dia do casamento agi normalmente como se nada estivesse acontecendo ele todo empolgado junto com o Silvio, foram buscar as roupas se preparando como se nada tivesse acontecido durante os dias que se passaram. Eu dei almoço tomei um banho me troquei e sai para a igreja fui à missa.
Sinceramente ele não esperava por essa reação.
A Amélia estava mudando e começando a gostar dela. Estava aprendendo a se valorizar. Estava aprendendo a dizer NÂO àquela vida que ela levava. A dizer Não a ele e a família dele que me humilharam durante anos. Como eu fui pisada por eles, agora estava conseguindo forças para reagir e dizer Não. Doeu fazer o que eu fiz, afinal estava condicionada a falar amém pra tudo que eles faziam comigo. Machucar as pessoas não era do meu feitio. Eu machucava as pessoas que gostavam de mim, para agradar o marido, era assim que ele queria e eu fazia. Apesar de ter passado a noite sozinha, sofri, chorei, ri, a noite foi longa podia fazer o que eu quisesse a casa era só minha, não sei á que horas conseguir dormir, mais dormir apesar de tudo que aconteceu.
Um comentário:
Parabéns mulher guerreira, eu entedo e já senti tudo que vc passou... Isto mesmo amiga vamos sacudir a poeira e dar a volta por cima. Deus mando que amassemos uns aos outros e não "amassacemos" uns aos outros.
Coagem vc será uma vencedora !!!!!
Bjs. com carinho e saudades !!!!!!!
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