
A lembrança do papai estava viva dentro de mim. Agora, a dor de perder a mamãe! Dentro de mim era uma mistura de culpa, de remorso. Afinal eu estava no centro das minhas origens, estava nas minhas raízes. Foi naquele lugar humilde, mais feliz que eu recebi todas as orientações para vida a prendi do papai que o respeito e a honestidade mantem portas abertas. Estava vindo embora não sabia se existia possibilidade de um dia voltar à cidade onde eu nasci. Naquelas terras onde fui criada, os campos onde brinquei. Na realidade não tinha certeza do que me aconteceria nos próximos dias, a minha situação financeira era critica, apesar de sempre ter trabalhado, todo o dinheiro que eu ganhei havia ficado com ele. Eu não tinha nada; a minha conta bancaria estava á zero. Sabia que o momento não era propicio mais tudo vinha a minha mente, eu já sofria uma saudade antecipada.
Ficamos uns três ou quatro dias depois viemos embora, o meu ex-marido estava no aeroporto nós esperando me deixou em casa e foi levar o meu irmão na casa dele, eu estava mais abatida do que antes, estava mais magra, tudo que eu estava passando parecia um pesadelo não era real. O que fazer da minha vida eu não sabia; diante do sofrimento que eu estava vivendo era tudo tão confuso. O sentimento de culpa da morte do papai havia voltado, a Luíza queria que eu fosse ficar com a mamãe lembram? Eu não fui, mais terminei indo para um retiro espiritual na cidade de Lavrinhas. Quando deveria ter ido ficar com a mamãe. Tudo isso remoía dentro de mim. Voltei a procurar o Padre Dalcides algumas vezes, necessitava da sua orientação, ele continuava me ajudando, dele eu recebia a força necessária para a minha alma. Mais a minha situação financeira me assustava não confiava no meu potencial, como eu iria manter a minha casa? Essa pergunta eu não encontrava resposta para ela. E mais uma vez o medo me venceu. O meu ex-marido havia alugado dois cômodos perto da minha casa, estava morando sozinho, dentro da minha carência do meu medo me humilhei diante dele e pedi para ele voltar. Mais uma vez implorei pelas suas migalhas.
Ele aceitou voltar. Mais voltou por cima, me humilhando mais do que, das outras vezes, dessa vez ele soube ser cruel. Não só soube ser cruel, como também soube usar a sua crueldade. Começou a ditar regras do que eu podia e não podia fazer. Meu Deus como eu fui humilhada por esse homem! Tudo que eu ia fazer tinha que pedi permissão. "Se você não fizer tudo que eu quero vou embora e não volto mais, estou te dando mais uma chance, esta é a última." E eu diante da minha covardia me curvei aos seus pés, me submetendo as suas vontades, a partir daquele dia praticamente fui transformada em sua escrava. De inicio me proibiu ir ás missas do Padre Dalcides ou mesmo telefonar pra ele, por que qualquer um que tentasse me ajudar já seria o seu inimigo. Proibiu-me de trabalhar, como eu vendia perfumes importados, fui obrigada a vender todo o meu estoque, dar o cheque para ele. Pra mim era normal sempre trabalhei mais o dinheiro ia para as mãos dele.Ele resolveu viajar para Pernambuco usando a desculpa que ia
para a missa de 30 dias da mamãe, eu fiquei com as crianças, ele ficou por lá
uns 20 dias, me ligava sempre querendo saber onde eu estava, pra onde fui essas
coisas de marido que apronta e fica disfarçando para a mulher não
perceber. Ao voltar decidiu abrir uma loja de material elétrico, falando que era pra eu tomar conta; acreditei,aceitei entrar como sócia, só que sócia era só no papel, eu não podia ficar na loja, o meu lugar era em casa.