Passado alguns meses. Ele deu inicio ao processo de mudança, vendeu a loja, conseguiu um caminhão para levar a mudança, mandou o meu sobrinho junto. Ficamos mais um mês para organizar o que faltava.
Naquele sábado levantei cedo, trabalhei a manhã inteira organizando algumas coisas, ele se encarregou de cuida do carro, lavar, trocar o óleo, ao meio dia todos nós almoçamos. Preparei as crianças; ele colocou as malas no carro, e por volta das 14:00h. Partimos de São Paulo com destino a Pernambuco. Especialmente para cidade de Poção.
Ao saímos, eu já estava chorando, não queria ir, sabia a vida que me esperava, afinal foi lá que eu fui criada, conhecia os costumes, o machismo. Aqui ele já não tinha respeito por mim! Imagina lá, onde o homem tem duas ou três mulheres, todos ficam sabendo, e parece tão normal. Fui contra a minha vontade! Tinha medo de ter mais uma surpresa, não sabia o que a vida poderia me reserva. Tinha também o lado financeiro, do que iríamos viver?Por esse e outros motivos a minha resistência. Diadema foi uma cidade que eu escolhi para mora e queria continuar aqui, mesmo com todo o sofrimento que eu vivia. A culpa não era do lugar.
Chegando perto de São José dos Campos eu continuava chorando ele parou o carro no acostamento tirou dinheiro da carteira e falou. ¨ Ou você para de chorar, ou pega esse dinheiro volta pra São Paulo."Mas nunca mais você vai ver os seus filhos". ¨ E muitas vezes diante das ameaças você é obrigada a seguir por caminhos cheios de pedras e espinhos, e no final da jornada com os pés feridos e o coração dilacerador pela dor, você tem que ter força para seguir em frente, e fazer suas escolhas. E foi isso que eu fiz ,engoli o choro olhei para o banco de trás vi os meus filhotes dormindo, naquele momento surgiu uma força de dentro de mim, e entre as lagrimas e o sorriso, venceu o sorriso. Porque uma mãe é capaz de dá a vida pelos seus filhos. Ela é capaz de superar todas as dificuldades pelo bem estar deles, e nessa hora foi por eles mais uma vez que eu me submeti à vontade dele.
Seguimos em frente, foram três dias de viagem, paramos em cadeias, uma cidade no interior da Bahia perto de Salvador. Ficamos na casa da minha irmã mais velha, ela morava nessa cidade há algum tempo, ficamos por lá uns quinze dias ou mais não lembro bem; ela com o marido estavam tentando nos convencer a comprar uma casa e fica morando por lá. Mais ele não quis resolveu ir embora para Pernambuco, e fomos direto para a casa da minha mãe onde já estava a nossa mudança.
Fiquei feliz ao chegar afinal estava revendo a minha família, mas me perguntava como seria a nossa vida a partir daquele dia? Como e onde iríamos morar? Não estávamos ali passeando! Agora; era diferente eu não tinha casa, estava morando na casa da minha mãe com um marido e duas crianças. Qual seria a atitude dele?
Os pais dele já estavam morando em Caruaru; chegaram antes de nós, e já tinham se organizado, estavam todos trabalhando, uma semana depois da nossa chegada fomos visitar a família dele e conversando com o pai ele resolveu que eu ficaria com as crianças na casa da minha mãe, enquanto ele iria ficar com os pais há oitenta quilômetros de distancia. Quando eu quis resistir ele simplesmente falou que na casa dos pais não tinha espaço para nós. E mais uma vez fui obrigada a dizer sim e como sempre me curvei diante dele.
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