Aceitando Migalhas!

 

Fiquei tranquila em saber que ele não tinha como ter acesso aos meus dados. Ele só sabia qual a minha cidade, mas, acesso ao meu endereço não.

 Me senti aliviada. 

Poderia dar continuidade ao meu plano.

 Como falei no início deste livro, a minha curiosidade era saber como eles aplicam os golpes! 

Continuei noiva e apaixonada pelo David, falávamos todos os dias, ele sempre atencioso, trabalhador e dedicado a filha, o sonho dele era vir ao Brasil e poder me dar uma casa de presente, eu não iria mais pagar aluguel ou andar de ônibus.

 Fiquei observando o quanto ele caia em contradição: nunca falei pra ele que pagava aluguel ou que não tinha carro.

 Eles envolvem tanto as mulheres que elas não percebem as mentiras que eles falam pra elas.

 Estão tão envolvidas emocionalmente. 

Tão apaixonadas que ficam cegas diante das mentiras deles.

 Cegas ao ponto de enviar dinheiro sem fazer muitas perguntas.

 Na delegacia descobrir que muitas mulheres são tão trabalhadas emocionalmente que com três dias enviam dinheiro para esses vigaristas, acreditando na ilusão de viver um grande amor. 

 Ele tem uma ótima lábia e sabe como atingir a cada uma dessas mulheres, que no final se tornam vítimas deles. 

Eles conhecem as mulheres e sabem a fraqueza de cada uma delas e o momento exato para aplicar o golpe.

 Elas são tão envolvidas emocionalmente ao ponto de não confiar em ninguém. 

Só neles! Qualquer pessoa que se aproxime para falar que eles pertencem a uma quadrilha elas se afastam.

 No face do David encontrei uma pessoa conhecida, não erámos próximas apenas participávamos da mesma comunidade. 

Ela era Ministra dá Eucaristia, na paroquia a qual eu frequentava. 

Um dia chegando na igreja me aproximei dela e perguntei se ela era amiga do David?

 Ela falou que não, que só aceitou ele no face dela, mas não conversavam, na verdade ela não adiantou o assunto; mas eu falei para ela ter cuidado que ele era um golpista e só queria tirar dinheiro das mulheres. 

Sinceramente, ela não acreditou em mim percebi pelo seu olhar, fui julgada como suspeita.

 ‘’Ela quer tirar ele de mim, pra ficar só pra ela.’’

 Não falei mais no assunto:  tempo depois fiquei sabendo que alguém com quem ela se relacionou pela internet havia levado uma boa soma de dinheiro dela.

 Nós mulheres precisamos nos unir, confiar umas nas outras. 

Sermos amigas e companheiras, onde uma pode ajudar a outra compartilhando, dividindo, acreditando, sendo amiga e não julgando. 

O meu noivado continuava: estávamos cada dia mais apaixonados um pelo o outro, ansiosa para o David terminar a sua estrada na Índia e vir para o Brasil investir todo o seu capital, que ganhou nessa licitação, no meu país. 

Ele nunca me convidou para fazer videochamada, era só por mensagem, eu só o conhecia pelas fotos que ele mandava, era um homem bonito e tinha uma bela aliança na mão esquerda, sempre com a filha nas fotos; com certeza era a esposa que tirava essas fotos.

 Continuo me perguntando.

 São tantas as evidencias que eles deixam e que as mulheres observando poderiam perceberem que estão caindo em belo golpe.

 Por que um homem viúvo há cinco anos continua usando a aliança quando estar em busca de um relacionamento? São evidencias tão nítidas, mas elas estão tão envolvidas que não se dão conta destes detalhes.

 Outra brecha que eles deixam.

 A arquitetura da Índia nada tem haver com a nossa arquitetura brasileira, a nossa vegetação completamente diferente, na Índia não tem bananeira.

 Percebe que tem muitas falhas onde poderiam ser desvendado o mistério do golpe pela internet?

 Mas nós mulheres vivemos dentro de uma carência em busca de migalhas que qualquer coisa que nos oferecem aceitamos acreditando ser o suficiente.

 Quando chegará o dia que as mulheres poderão ter força para erguer a cabeça se olhar no espelho e ver o seu potencial?

 Quando vamos enxergar o nosso valor, o nosso amor próprio, o nosso respeito o nosso potencial? Quando esse dia chegar poderemos dar um basta nos abusos que muitas se sujeitam em nome de um amor chamado migalhas.