Era uma fase difícil a que estávamos passando. Ele usava todos os meios que podia para nos atingir e como eu estava debilitada em todos os sentidos permitia que a sua maldade nos ferisse. A Nossa vida mudou completamente, os finais de semanas eram horríveis o dia não passava a solidão passou a fazer parte dos meus dias, era mais fácil chegar á segunda feira do que o final de um dia de domingo solitário. Como não havia mais a movimentação de entrada e saída dentro da minha casa, eu confundia com a solidão, porque a solidão já existia há muito tempo, vivíamos sobre o mesmo teto e mal nos cumprimentávamos. Mais a movimentação diária me levava a acreditar que ainda existia uma família, e não era verdade. Não tínhamos dinheiro para sair ás pessoas se afastaram, a minha situação financeira mudou totalmente passei daquela que ajudava para ser ajudada. Deixei de dar cesta básica para receber, na igreja começaram a me olhar como se eu tivesse traído o coitado, afinal agora eu era uma mulher separada. O preconceito ainda existe e muito! E, muitas me viam como mais uma concorrente, machucava muito o comportamento, a desconfianças de algumas pessoas. mais eu tinha que seguir em frente mesmo com a ferida aberta, não importava o quanto sangrava eu precisava continuar caminhando. por mais dolorido que fosse. Não dava para pará.
Além dos R$15.00 ele não dava mais nada, era com esse valor que eu tinha que passar a semana. Liguei para a minha amiga Alaides como era ano de eleição ela me conseguiu um trabalho. Fui trabalhar como coordenadora de campanha de rua passei a ter o meu salario, não havia mais necessidade de me humilhar, pelo menos durante esses três meses eu tinha de onde tira as despesas de casa. A Silvia continuava indo com ele todos os dias. Mais ele não perdia a oportunidade de judiar dela. Eu decidi voltar a estuda era uma maneira de poder transferi os meus problemas ou esquecer o que eu estava vivendo, como não havia terminado o ensino médio fui fazer supletivo para concluir os meus estudos e poder cursar uma faculdade, que era um sonho que estava adormecido há muitos anos. Mais no momento o que mais me machucava era a atitude do meu filho, em relação a mim e a irmã, ele continuava nos machucando com a sua indiferença. Trabalhando durante o dia e estudando á noite fui preenchendo o meu tempo e esquecendo todo o sofrimento que eu estava vivendo; afinal encontrei algo para preencher os meus dias.
A Silvia estava em fase de estagio, justamente nesse período ele resolveu que não a levaria mais, ela foi obrigada a ir de ônibus; e para chegar ao hospital onde fazia o estagio era obrigada a sair de casa as 3h30 da manhã todos os dias. Eu ficava desesperada ao ver a minha filha sair sozinha em um horário tão perigoso e eu não podia fazer nada, eramos duas mulheres vivendo sozinhas sem proteção alguma. Só que ás vezes diante do meu medo e do meu desespero eu esquecia que a minha proteção não vinha do homem, mais sim de Deus e ele não desampara os seus. Nesse horário passava na minha rua um motorista de ônibus indo para o mesmo terminal. E esse motorista era o pai de uma colega da Silvia. Deus preparou uma companhia para a minha filha todos os dias, ele não nos abandonou. O Silvio foi embora falando que não voltaria mais, passava por me fingindo que não me conhecia, mais a minha psicóloga havia falado que um dia ele voltaria mais eu nunca acreditei. Em um determinado dia eu estava esperando a perua da campanha vim me pegar quando eu vi o meu filho subindo a minha rua com a cabeça baixa e as mãos no bolso, fiquei na calçada esperando para ver o que ia acontecer. Ele se aproximou de mim com os olhos vermelhos de quem chorou a noite inteira. Olhou pra mim e falou Mãe eu preciso de ajuda.
Eu o abracei, parecia um milagre meu filho estava de volta. Ele entrou sentou á mesa tomou café e eu perguntei se ele queria ir trabalhar comigo na rua, ele aceitou imediatamente. Naquele dia ele ficou comigo o dia todo e me contou que o pai não estava falando com ele e nem dando dinheiro, também não estava fazendo compras de supermercado o deixando sem ter o que comer. Diante da situação não pensou duas vezes e veio procurar a mãe dele porque sabia que podia contar comigo a qualquer momento. No final dá tarde ele decidiu que iria à casa do pai pegar algumas roupas e voltaria só que não voltou no outro dia ele apareceu falando que o pai ficou a noite inteira falando com ele, aconselhando a continuar em sua companhia que ele não devia ter me procurado porque eu nada tinha a oferece, ele resolveu a continuar com o pai dele. A minha psicóloga viu como o inicio de uma nova historia mais eu não quis criar expectativa já havia sofrido muito para alimentar esperanças. Terminou a campanha eleitoral o candidato para o qual eu trabalhei venceu as eleições para presidente. E eu fiquei desemprega, não tinha ideia do que iria fazer daquele dia em diante.
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