Tenho
a sorte de encontrar pessoas de vários lugares. Em situações diferente,
ambientes diferenciados, mas com os mesmos sentimentos. Todos trazem com eles
magoas, ressentimentos.
A dor de uma
ferida que alguém ou nós mesmo nos causamos.
Quantas vezes permitimos que a dor
seja plantada na nossa alma? Para não
ferir alguém ferimos a nós mesmo. Deixamos cicatrizes que nem o tempo é capaz
de curar.
Encontrei a Anne, uma menina linda com um coração repleto de
amor. A alma estava ferida com
cicatrizes abertas que nem o tempo foi capaz de curar. Muitas vezes sangrava
quando as lembranças se faziam presente e a dor era inevitável, era muito forte
as lembranças dos abusos que ela sofreu até completar os 18 anos.
Anne mesmo com todas as lembranças seguiu em
frente e deu continuidade a sua vida.
Ela mostrou para o mundo que era maior do
que a covardia que foi submetida ao longo dos anos.
Que a sua dignidade foi
superior o respeito e a consciência do seu próprio valor, foi fundamental.
Ela
era inatingível.
Nada poderia tirar a tranquilidade da sua alma.
Ela soube se
protege de uma família pobre de espirito e de dignidade. Uma família sem amor,
sem honradez, sem princípios morais.
Foi nesta família que a Anne conviveu por
18 anos, foi abusada sexualmente pelo
seu pai todos os dias: a sua mãe sabia do que acontecia com
a sua filha de 5 anos de idade mas nada fazia para impedir; chegou um momento
que era natural ele chegar do trabalho e levar a menina para o quarto queria
satisfazer os seus desejos.
Enquanto a mãe preparava o jantar consciente do que
estava acontecendo com a criança.
Anne
foi crescendo e tendo conhecimento que, o que acontecia com ela não era normal
e se perguntava.
Por que a mãe nada fazia para defende-la, protege-la das
garras daquele tirano?
Ela se sentia enojada chegou um momento que ela sentia
náusea ao toque dele, ele ficava feliz acreditando que ela estivesse gravida.
Um filho seu seria o meu melhor presente.
O meu bebe esta gravida era assim que
ele falava para a mãe dela.
Anne foi criando uma proteção não permitindo que a
sua alma fosse destruída, ele usava o seu físico não a sua essência.
Ela foi se
protegendo de todo mal que lhe acontecia naquela casa; o seu desejo de vitória
de se libertar daquela vida era maior do que o abuso que era submetida.
Os anos passando e ela se tornando uma mulher
linda, um pouco tímida, mas não permitindo que as suas feridas, se
sobressaísse, ela não deu espaço para dor.
O seu maior desejo.
A LIBERDADE.
Ela
prometeu pra ela mesmo que não seria vencida pelos agressores; ela tinha
consciência que todos eram coniventes ao que acontecia naquela casa.
Anne foi aprendendo a se proteger. A essa
altura ela já estava com os seus 17 anos, a vida lhe obrigou a se tornar uma
mulher madura.
Era dedicada aos estudos só através dele ela poderia sair
daquela vida, começou a fazer outo-defesa, estava se preparando para enfrentar um
mundo que com certeza iria lhe oferecer mais do que a família com a qual
convivia. Mesmo com todo sofrimento ela tinha um objetivo.
Voar, conhecer
outros horizontes, ter alguém que a protege-se, alguém que pudesse lhe dar amor e respeito esse era o seu maior desejo,
ela ansiava por este momento, todos os dias.
O tempo foi passando e a esperança
aumentando cada golpe que ela dominava dentro da arte marcial era como se fosse
um degrau que ela subia na sua busca pela a vitória, na academia ela teve a
oportunidade de conhecer pessoas e se aproximar delas, buscando confiança em
cada uma e descobrindo que o mundo lhe dava mais segurança do que o lar em que vivia,
ela não perdia a esperança de um dia ser livre.
Ter um lugar só seu, sem ser obrigada a se submeter aos olhares de
desejos do seu pai.
Como era desagradável viver no mesmo ambiente que ele (Aquele
olhar sujo me dava nojo eu não suportava nem olhar para ele.)
Um belo dia na academia ela conheceu uma
senhora meiga e carinhosa, esta senhora começou a tratar ela como uma filha; a
amizade das duas só crescia a Anne viu nessa mulher uma luz no final do
túnel.
As duas treinavam no mesmo
horário ao pouco ela foi se abrindo com á sua nova amiga, falava dos seus
sonhos, do desejo de ser livre e recuperar a sua inocência.
Roberta era o nome dela.
Inocência?
E arregalou
os olhos surpresa com o desejo da Anne.
Anne aproveitou o momento para revelar um segredo que nunca havia
compartilhado com ninguém; conforme ela relatava os abusos que vinha sofrendo
desde de criança a sua amiga ia ficando cada vez mais indignada diante do seu
relato.
Quando ela falou tudo foi como
se tivesse tirado um fardo dos seus ombros começou a sentir um alivio na sua
alma.
As lagrimas estavam lavando a sujeira que durante anos foi guardado em
uma gaveta do seu subconsciente.
A sua criança interior estava ferida, magoada,
abandonada em um lugar escuro a espera de uma luz.
Essa criança necessitava de um resgate, e
naquele momento ela conheceu o amor, ela soube o que era ser acolhida, receber
um abraço com carinho.
A Roberta de imediato queria ir com ela em uma delegacia
e fazer um boletim de ocorrência, mas a Anne não quis, o que ela queria era ir
embora e esquecer aquela família.
E foi o que ela fez!
Naquele mesmo dia ela
foi embora morar com a Roberta.
A Anne foi
embora apenas com ela a roupa do corpo e os documentos, ela já havia completado
18 anos, e com ele, a realização de um sonho.
E junto a esse sonho, sua liberdade.
Onde também lhe foi dado o direito
de amar e ser amada.
O amor incondicional que a Roberta sentia por ela, era
maravilhoso sentir o amor de uma mãe não tinha preço. A Roberta mudou a sua vida, por amor a
Anne mudou para outro Estado; proteger aquela menina era o seu propósito. Sabia que em uma cidade como a cidade
de São Paulo seria impossível serem descobertas.
A Roberta tem um sobrinho moço
bonito estudioso conheceu a Anne e os dois se apaixonaram ela conheceu pela
primeira vez o verdadeiro amor. Ela soube o que é a alegria de ter uma família.
Hoje ela conhece o amor, o respeito.
Hoje Anne é feliz e realizou o seu sonho ter.
LIBERDADE.