segunda-feira, 9 de julho de 2018

Encontrando o Prazer de Sorrir

A violência doméstica é cruel atingem todas as classes sociais. Não importando o nível acadêmico ou financeiro.

 Conheci a Julia, uma moça bonita e elegante, durante a semana ela esta no seu consultório cuidando da saúde das pessoas, muitas vezes aliviando a dor daqueles que chegam feridos, machucados, ela consegue acalmar o estado emocional do paciente. 

 Mas, uma vez por semana ela senta na frente de um psiquiatra que lhe prescreve uma medicação para que ela consiga dormir e acalmar os seus demônios.
 Demônios que durante anos vem lhe tirando o sono. 
 Demônios que foram implantados, desde á sua concepção, no útero da mãe: a qual passou por uma gravidez de muita perturbação, levando com que a criança absorvesse toda a carga emocional que a mãe carregava durante a sua gestação. 

 Mas ao nascer nada mudou ela continuou presenciando as agressões dentro do seu lar, a sua mãe sofrendo todos os tipos de violência, quando não era a física era a psicológica, quando não era psicológica, era a moral. 

 Aquela menina tímida e assustada corria para o seu quarto e trancava a porta. Encolhia-se dentro do armário para se proteger, ela não queria ouvir os gritos de agressão que o pai dirigia a sua mãe.
  Só que o medo foi lhe dominando tirando a sua alegria de viver o seu encanto pela vida. 

 A sua infância foi roubada, ela não teve a chance de sorrir! 

 Ela nunca soube o que é ter amigos, sempre sozinha se distanciando de tudo e de todos. 

 Na adolescência, não foi diferente os demônios continuavam presentes; na sua casa, na sua vida; não permitindo que ela tivesse chance de conhecer a liberdade, e assim ela continuava trancada no seu quarto, naquele ambiente ela aprendeu a se tornar uma prisioneira da violência doméstica.

 No seu mundo ela aprendeu que não podia confiar em ninguém.

 Aquele que deveria ser o seu herói era um mostro que só lhe causava medo e terror. 

 A Julia foi crescendo como não tinha amigos não brincava, desenvolveu o habito de estudar e foi se apaixonando pelos livros que, tornaram-se sendo seus melhores amigos.

 Neles ela podia confiar! 
 E através deles ela se tornou uma excelente aluna passando a se destacar nos melhores colégios.

 Envolvida, no seu silencio quando ela percebeu estava frequentando a melhor faculdade do estado de São Paulo. 
 Sim ela estava na USP!
 Cursando medicina, porque de alguma forma ela acreditava que a medicina lhe ajudaria a curar suas feridas, lhe proporcionando oportunidade para curar as feridas de outras pessoas. 

 Curar a dor de alguém, para ela seria um alivio, talvez a oportunidade para aliviar á sua própria dor.

 E assim a Julia terminou a faculdade passou a fazer residência nos melhores hospitais e conhecer a realidade. Realidade essa que não afastou os seus demônios por mais que ela se dedicasse ao trabalho eles estavam presentes. Ela resolveu sair da casa dos pais, comprou um apartamento e foi morar sozinha, acreditando que poderia deixar os demônios na casa dos pais, mas ela se enganou! 

 Eles a acompanharam, a noite ela conseguia ouvir as ameaças do pai contra a sua mãe. 

 Quantas noites ela acordava assustada chorando preocupada com a sua mãe, não conseguia dormir; sabendo que no outro dia teria um plantão pela frente, era necessário o descanso para poder dá um atendimento qualificado para o seus pacientes. 

 É assim que a Julia sobrevive a experiência de ter nascido em um lar comprometido pela violência doméstica, a sua vida é um verdadeiro drama passando por psicólogos, psiquiatras, mas os fantasmas não se afastavam dela. 

Um dia ela estava com a TV ligada assistindo o programa do meu amigo Dalcides Biscalquin, dia 16/04, eu estava participando falando do meu livro. Depois do fim, recomeçar é preciso, na hora ela já comprou o livro, devorou em um dia. 

 Ela percebeu que poderia entrar em contato comigo, conversaríamos sobre o assunto ela iria me ouvir. Eu ia poder passar a minha experiência de superação. Quem sabe não seria uma saída? 
 Como eu conseguir sair do fundo poço; tenho experiência suficiente para ajuda-la. 

 E, foi com essa esperança que ela entrou em contato comigo, “chorou ao ouvir a minha voz amiga e carinhosa assim ela se referiu na hora que atendi o celular.”

 Marcamos para nos encontramos em um shopping ficamos horas conversando, ali a Julia encontrou uma amiga a qual ela pode desabafar, falar dos seus problemas. Eu estou podendo mostrar pra ela que tem saída, que não há necessidade dela carregar esse fardo pelo resto da vida. 

Afinal não lhe pertence, algo lhe foi implantado podemos arrancar essa raiz e adubar esse coração com amor dando-lhe oportunidade de colher as rosas, no lugar dos espinhos. 

Estou conseguindo ver o sorriso, onde antes só havia lagrimas. Hoje estou vendo uma transformação na vida da Julia surpreendente, fico feliz em poder ajudar e em tão pouco tempo obter da Julia um resultado exuberante.

 Ela não aceita que eu a chame de dra. “Não você é a minha amiga”. Já fui ao apartamento da Julia ela riu e falou “hoje eu estou recebendo uma amiga! Hoje eu não sou mais sozinha.”

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